Este post é uma dedicatória atrasada, mas ainda em tempo, para um homem bem-educado. Um educador com o qual aprendo "quase" todos dias, nos últimos 210 nasceres do sol. Não uma dedicatória de alguma produção minha, até por que nunca acho que elas são suficientemente boas para dedicar à alguém especial (deve ser um problema de auto-estima, um problema a ser resolvido). Hoje, lendo este trecho de Nietzsche, enfim achei algo digno de dedicação à ele: um espelho de tudo aquilo que tenho reparado... Espero um dia me tornar um homem bem-educado.
No fato de um homem bem-educado fazer bem aos nossos sentidos: no fato dele ser talhado em uma madeira que é dura, suave e cheirosa ao mesmo tempo. A ele só faz gosto o que lhe é salutar, seu prazer, seu desejo acabam lá onde as fronteiras do salutar passam a estar em perigo. Ele adivinha meios curativos contra lesões, ele aproveita acasos desagradáveis em seu próprio favor; o que não acaba com ele, fortalece-o. Ele acumula por instinto tudo aquilo que vê, ouve e experimenta à sua soma: ele é um principio selecionador, ele reprova muito. Ele está sempre em sua própria companhia, mesmo que esteja em contato com livros, pessoas ou paisagens: ele honra pelo ato de selecionar, pelo ato de permitir, pelo ato de confiar. A todo tipo de estímulo ele reage lentamente, com aquela lentidão que uma longa cautela e um orgulho desejado inculcaram nele - ele testa o estímulo que se aproxima; ele está longe de ir ao encontro dele. Ele não acredita no "infortúnio" nem na "culpa", ele dá conta de si mesmo e dos outros; ele sabe esquecer... Ele é forte o suficiente a ponto de fazer com que tudo tenha de vir para o seu bem.(Nietzsche – Ecce Homo)
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